sábado, 27 de fevereiro de 2016

O Sol É Para Todos - Harper Lee (1960)

Livro escolhido para a leitura do blog - Editora José Olympio, 349 páginas


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“- Atticus, você deve estar enganado…
- Por quê?
- Quase todo mundo acha que eles é que estão certos e que você está errado.
- Essas pessoas certamente têm o direito de pensar assim, e têm todo o direito de ter sua opinião respeitada - considerou Atticus. - Mas antes de ser obrigado a viver com os outros, tenho de conviver comigo mesmo. A única coisa que não deve se curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa.”
(Conversa entre Scout e seu pai, página 135)  


Um livro que tem como temas principais a desigualdade social, o bem e o mal e a educação moral.
Jean-Louise “Scout” Finch, que tem 5 anos no início do livro, é a narradora dessa história, ou seja, tudo o que iremos ler nesse livro, será contado do ponto de vista de uma criança. Scout vive com seu irmão quatro anos mais velho, Jem, e seu pai, Atticus.
Atticus é um homem muito bem educado e advogado da cidade de Maycomb, EUA, que foi incumbido de defender um negro, Tom Robinson, acusado de estuprar uma jovem branca. Praticamente toda a cidade se volta contra o advogado, xingando-o e ameaçando-o, pois, para a época, uma pessoa branca que está do lado de negros não é bem vista. Por causa dessa opinião pública, a missão de defender Tom não será nada fácil para Atticus e seus filhos que também sofrem as consequências nas ruas e na escola.
Para Scout, uma criança inocente, esse será o momento em que ela terá seu primeiro contato com as maldades do mundo. Durante todo o livro, enquanto Atticus está defendendo Tom Robinson, percebemos tanto o seu amadurecimento quanto o do irmão, e aprendemos suas opiniões sobre as ações do pai e sobre as pessoas de Maycomb (principalmente um personagem chamado Boo Radley) e sobre o mundo.
O livro causou muita polêmica, pois muitas pessoas o consideram excessivamente moralista, porém ele se tornou um grande sucesso, ganhando o prêmio Pulitzer de literatura em 1961 e vendendo milhões de cópias.


Harper Lee nasceu em 28 de abril de 1926 em uma cidade do Alabama, Monroeville, parecida em vários aspectos com Maycomb. Da mesma forma que Atticus, seu pai era um advogado. Mesmo com esses dados, a autora defendia que O Sol É Para Todos não foi destinado para retratar a cidade da sua infância, mas sim uma cidade do sul inespecífica. Porém, tem mais coisas no livro parecidas com a infância de Harper Lee. Quando ela tinha 5 anos de idade (assim como Scout no início do livro), em 1931, nove jovens negros foram acusados de estuprar duas mulheres brancas perto de Scottsboro, Alabama.
A autora tinha somente essa obra lançada até julho de 2015, quando foi publicado o livro Vá, Coloque Um Vigia que, apesar de ter sido considerado uma sequência de O Sol É Para Todos, agora é mais aceito como uma primeira versão do famoso romance.
Harper Lee faleceu dia 19 de fevereiro de 2016.


Nossas opinões como leitoras


Laís - Só de ler a sinopse, eu já sabia que se tratava de um bom livro. Uma obra que me fez refletir sobre como é difícil aceitar pessoas que consideramos diferentes da gente em aspectos de personalidade, cor, posição social.
Minha personagem favorita é, sem dúvida, a protagonista, Scout. Uma criança que sabe julgar justiça e injustiça melhor do que muitas pessoas. Ela não só comove seu pai, mas também outras pessoas da cidade de Maycomb com sua boa educação e bondade. Adorava a personalidade forte dela, como ela não gostava de se vestir como as outras meninas e como ela dizia o que pensava.
A narrativa é um pouco lenta, mas não deixa de nos prender na história. O livro tem uma linguagem muito simples e tranquila.
O Sol É Para Todos é muito atual, poderia muito bem ter sido escrito nos dias de hoje, apesar de o livro se passar na década de 30.
Durante a maior parte do livro, desde que Atticus assumiu o caso de Tom Robinson, eu tive um grande sentimento de esperança de que tudo daria certo. Da mesma forma que aconteceu com Scout e Jem durante a história, eu resolvi acreditar na capacidade humana de zelar pelo bem.
Nota 5/5


Luíza -  Desde o início do livro, fui bastante cativada por alguns personagens de personalidade forte como a Scout, seu pai Atticus, a doméstica Calpurnia e a Sra. Maudie. E senti ódio de outros, como os Ewell e algumas senhoras brancas que se importavam muito mais em manter as boas aparências perante à sociedade do que desenvolver um bom caráter e verdadeiro, senhoras como a Tia Alexandra. Assim, foi possível perceber na obra o contraste dos exemplos dos pais, que refletem muito na educação dos filhos, sejam esses exemplos bons ou ruins. Essa relação que senti de amor e ódio por alguns personagens me deixou muito envolvida com a história, achei a obra maravilhosa, me senti torcendo tanto para que ocorresse a justiça que acabei lendo mais rápido do que esperava. A leitura é muito fácil e rápida, prende muito a atenção. Amei o livro.
Durante a leitura, é possível perceber que alguns pontos da história que ocorreram na época da Grande Depressão, na década de 1930, ainda permanecem muito atuais, como as discriminações raciais e as desigualdades sociais narradas por Scout. A perseguição contra os negros, a falta de justiça para os pobres e o machismo ainda permeiam claramente e profundamente na nossa sociedade, que me fez entender que o título em português, O Sol é para Todos, reafirma que assim como o sol e a luz, a justiça deveria ser para todos e igualmente, não só para os que são considerados de status ou classes mais altas.
    Nota: 5/5

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