segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A Redoma de Vidro - Sylvia Plath (1963)

Livro escolhido para a leitura do blog: Editora Biblioteca Azul, 274 páginas.
Edição de 2014.




“Me sentia muito calma e muito vazia, do jeito que o olho de um tornado deve se sentir, movendo-se pacatamente em meio ao turbilhão que o rodeia.”

Esther Greenwood é uma jovem de Boston, cheia de dedicação aos estudos e que tirava notas altas na escola e na faculdade, e, por isso, ganhou uma bolsa de estudos em uma importante editora de moda de Nova York. Apesar de estar numa cidade glamourosa e cheia de novidade para conhecer, sua estadia não foi nem perto de como esperava. Ela ganhava presentes de marcas, como roupas e maquiagem, almoços, jantares e ingressos de eventos. Conheceu algumas pessoas que poderiam ser interessantes conhecer, mas ainda assim sentia que estava faltando alguma coisa importante em sua vida e queria muito fugir de todos que conhecia.
O sonho de Esther era ser uma escritora, mas depois que ela voltou para Boston, sua depressão se tornou mais forte, impedindo-a de dormir, comer e escrever ou fazer as atividades que sua faculdade exigia no currículo. Ela achava estúpidas algumas coisas de rotina como lavar roupas, tomar banho e lavar os cabelos.
Esther começa a procurar formas que poderiam ajudá-la a se matar. Sua mãe passou a levá-la em consultas com um psiquiatra, que a manda para um hospital psiquiátrico. Esther odeia esse psiquiatra que a fez passar por um tratamento de choque extremamente desagradável e sem nem ao menos dar chance de ela melhorar antes, provocando nela grandes traumas e aumento de desconfiança para com as pessoas.
A protagonista da história não melhora e continua em grave depressão, mas consegue achar uma forma de sair do hospital e parar de se consultar com o tão odiado psiquiatra. Mesmo ao voltar para casa junto com sua mãe, Esther continua pensando em como se suicidar. Ela escreve um bilhete à sua mãe dizendo “fui dar uma longa caminhada” e se enfia em um buraco quase desconhecido de sua casa e toma vários comprimidos. Esther é encontrada viva por sua mãe após várias horas desaparecida. O caso do desaparecimento e a tentativa de suicídio viraram notícias de jornais.
Muito preocupada e com a intenção de ajudar sua filha, a mãe de Esther a manda para outros hospitais psiquiátricos através da orientação e o apoio da nova psiquiatra de Esther, a gentil e inteligente Dra. Nolan. A protagonista apresenta algumas melhoras e se sente mais livre da redoma de vidro da depressão. Há mais pontos altos e baixos que acontecem até o final do livro, e só lendo para descobrir.

A história, os pensamentos e lembranças de Esther são contados em primeira pessoa, nos dando um quadro ainda mais claro sobre como é ser uma pessoa com depressão. Podemos perceber que a autora quis mostrar que a doença é uma coisa séria a ser discutida e não é frescura da pessoa, além de que ela pode acontecer com qualquer um.
Sylvia Plath sofria de depressão há anos e se suicidou em 1963 em Londres, aos 30 anos, e muitos acreditam que “A Redoma de Vidro” é baseado na sua vida por ela ter tantas semelhanças com Esther Greenwood, nossa protagonista. Sylvia Plath foi uma poeta e escritora muito reconhecida e escreveu esta presente obra em 1961. Plath escreveu ativamente vários diários quase toda a sua vida, e ainda mantinha esse hábito até o ano da sua morte. Esses diários foram editados e publicados nos 2000, revelando uma escritora autocrítica e disciplinada, tal como Esther. 
       As pessoas, desde que eu conheci o nome da autora, falavam que ela era uma escritora louca, maluca, doida e mais adjetivos pejorativos, mas no livro ela demonstra bem, a meu ver, que é extremamente lúcida e não tem nada de louca, apenas sofre de depressão grave e ainda passa por preconceitos. O que também achei legal no livro, não esquecendo que foi escrito nos anos 60, são os ideais de Esther, ela é feminista e quer ser independente na carreira, fala bastante sua opinião sobre casar e ter filhos.
Desde o início da leitura, eu não consegui gostar nem da obra e nem dos personagens, e não sei exatamente o motivo. Talvez pela narrativa, não sei. E eu esperava muito desse livro, aguardava ansiosamente a reviravolta, algum climáx e queria saber mais como funcionam as instituições psiquiátricas, e isso ficou raso, com exceção da terapia de eletrochoque, que achei muito bem descrita. Eu, apesar de não ter gostado de ninguém, torcia muito para que alguns personagens ficassem bem, desejava que conseguissem passar por cima da redoma de vidro da depressão.
Depois de acabar a leitura, fiquei ainda mais com vontade de saber mais sobre as pessoas que já passaram em situações como a dela. Quando soube que um psiquiatra que criou a terapia de eletrochoque ganhou o Prêmio Nobel de Medicina, foi como se eu tivesse levado soco no estômago, me senti muito mal. Vários psiquiatras executavam a terapia de eletrochoque em seus pacientes sem ao menos ter habilidade para isso, uma habilidade exigida em cirurgiões, e causavam sérios danos permanentes a quem era submetido a esse tipo de terapia. Recomendo o livro a quem queira saber mais sobre como é ter depressão.

Nota: 2,5/5

Luiza Côrtes

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