segunda-feira, 1 de junho de 2015

Laranja Mecânica - Anthony Burgess (1962)


Iremos contar a história do livro tentando omitir o máximo de detalhes possível, porém, alertamos para spoilers.

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Resumo do Livro:

- “Qual vai ser o programa, hein?”
E assim começa a ser contada uma história, contextualizada em uma cidade governada por um Estado repressivo, o que será determinante para a narrativa sobre os feitos de um garoto de 14 anos, Alex, que leva uma vida, considerada por ele, muito horrorshow. Nesse contexto, presenciamos a marginalização dos adolescentes, no sentido de tornar-se marginal, violento, sádico. Nosso Humilde Narrador e protagonista, vivendo sua adolescência na criminalidade da época, lidera um grupo de drugues ou amigos – Pete, Tapado e Georgie – pelas ruas, e juntos aprontam várias artimanhas nada bem vistas pela sociedade.
- “Qual vai ser o programa, hein?”
Assaltos, roubos, briga de gangues, invasão de domicílio e estupro. Mas, em uma das vezes em que eles saem para invadir uma casa de uma senhora, Alex é apanhado pela polícia. Esse é o ponto que dá início ao clímax da história.
Alex é condenado à ficar na cadeia por 14 anos. No início sua vida naquele lugar estava difícil, mas aos poucos ele vai se adaptando e criando relações. Após uma briga com um companheiro de cela que havia acabado de chegar na prisão, Alex é escolhido como o primeiro paciente para testar a nova técnica usada pelo governo, Técnica Ludovico, para tratar pessoas com comportamentos indesejáveis, como a violência. Essa técnica consiste em fazer o paciente assimilar imagens de violência com sensações de mal-estar. Para Alex, que não era mais do que um adolescente, aquilo significava, somente, sair da prisão de forma rápida. Sendo assim, ele assina um documento concordando com o tratamento sem saber sua procedência.
Essa parte do livro nos faz pensar sobre a questão de liberdade de escolha. Alex escolheu para si um caminho com atos de maldade e violência, porém o governo lhe tira essa escolha ao fazer ele passar por um tratamento de condicionamento para que ele se “ajuste” na sociedade, se comportando de maneira aprovada pelas “pessoas corretas”. Alex perde seu poder de escolher seu próprio curso de ação moral. Ele torna-se uma “laranja mecânica”. Percebemos que o livro é bastante atual, pois um governo repressivo ainda é parte da política de muitos lugares.
Após dois anos de prisão e 15 dias de tratamento, Alex é liberado para viver sua vida como um cidadão incapaz de atos perversos. Depois de voltar para as ruas, Nosso Humilde Narrador descobre um pouco das consequências do tratamento quando se vê não só incapaz de agredir, mas também de se defender.
Depois de levar uma grande surra, ele bate em uma casa para pedir ajuda e quando conta sua história para o morador, este vê em Alex uma forma de destruir aquele governo que estava no poder. Este homem e mais três colegas têm a intenção de fazer com que Alex cometa suicídio para que eles possam culpar o governo. Porém, as coisas não saem como o esperado e o governo, ainda, consegue o apoio do garoto, revertendo os resultados do tratamento feito com a Técnica Ludovico.
Mesmo tendo voltado a ser como era antes da prisão, percebemos em Alex um amadurecimento, fazendo com que ele comece achar aquela vida inicialmente horrorshow cansativa e desinteressante.

Sobre o Autor:

Anthony Burgess nasceu em Manchester, 25 de fevereiro de 1917, e morreu em Londres, 22 de novembro de 1993.
Com medo de deixar sua esposa desamparada após ter, erroneamente, sido diagnosticado como tendo um tumor cerebral, o autor começou a escrever desesperadamente, no início dos anos 1960, o que podemos chamar de sua obra-prima, o livro “Laranja Mecânica”.
O livro foi inspirado durante uma visita de Burgess, em 1961, a Leningrado, na União Soviética que era governada por um regime comandado pelo Partido Comunista. Lá, ele observou a atmosfera de um Estado bastante repressivo. Burgess considera o comunismo como um sistema fundamentalmente falho, porque transfere a responsabilidade moral do indivíduo para o estado ignorando o bem-estar do indivíduo.
Burgess preza pelo livre-arbítrio e pelo poder de escolha, o que o impediu de aceitar um sistema que sacrifica a liberdade individual para o bem público. “Laranja Mecânica” pode ser visto em parte como um ataque ao comunismo, pois mostra uma imagem negativa do governo que procura resolver os problemas de comportamento socialmente indesejados, removendo o poder de escolha.

Sobre a Linguagem:

A história de Alex é narrada através da linguagem adolescente nadsat – linguagem composta por mais de 200 gírias criadas pelo autor com a mistura de russo e inglês, e por utilização de palavras rimadas – que, a princípio, parece confuso e difícil de ler, mas de acordo com a continuação da leitura, torna-se de fácil entendimento graças às frases geniais formadas pelo autor que provocam a rápida dedução do significado das palavras e à familiaridade com elas conforme vamos lendo. Para ajudar na leitura e para a nossa felicidade, muitas editoras como a ALEPH, deixam um glossário no final do livro.

Sobre a Obra Literária Americana e o Filme de Stanley Kubrick:

A versão americana da obra literária “Laranja Mecânica” não agradou o autor Anthony Burguess, pois o capítulo final do livro não foi publicado. Ele ficou profundamente incomodado, pois é neste capítulo que é representado o amadurecimento e a mudança de comportamento de Alex. Vemos, então, na versão americana, que o garoto possui um comportamento violento irreversível. E foi à partir do livro americano que Stanley Kubrick se baseou para fazer a versão cinematográfica. Mas, mesmo o autor não tendo gostado e aprovado a obra, o filme “Laranja Mecânica” fez um grande sucesso e tornou-se um clássico dos cinemas.



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